6. Tetrodotoxina

A tetrodotoxina (TTX) é um potente e seletivo bloqueador dos canais de sódio. Esta toxina é produzida por várias espécies de bactérias, e os animais portadores de TTX ingerem-na e acumulam-na através da cadeia alimentar. O peixe é um dos principais vetores de TTX (peixe-balão), mas a acumulação de TTX em gastrópodes (P. depressa, N. lapillus, O. celtica e A. depilans), em equinodermes (E. esculentus e O. ophidianus) e em outros peixes (S. marmoratus) tem sido relatada, como constituindo outra possível fonte de intoxicação. Esta toxina é isolada principalmente da pele, vísceras, ovários e fígado.
O consumo de organismos contendo TTX pode causar sintomas neurológicos e gastrointestinais. A tetrodotoxina causa paralisia por afetar o transporte de iões de sódio no sistema nervoso central e periférico. Os pacientes podem deteriorar-se rapidamente e morrer. Portanto, a intoxicação por TTX deve ser rapidamente identificada e os pacientes devem ser monitorizados com foco nas deficiências neurológicas e no comprometimento da fisiologia respiratória.

Os primeiros casos de intoxicações na Europa com TTX (capitão James Cook e respetiva tripulação, em 1774) resultou do consumo de peixe-balão. Eles sobreviveram e descreveram seus sintomas precisos, envolvendo fraqueza, tontura, dormência, náusea e falta de ar. As intoxicações por TTX são mais comumente relatadas no Japão devido ao consumo frequente deste peixe. O envenenamento por TTX no Mediterrâneo surgiu como um novo fenómeno nas últimas duas décadas, havendo casos em Israel (2008, 2016), Líbano (2009), Espanha (2010) e Turquia (2020 e 2021).

TTX como fonte de drogas
A tetrodotoxina (TTX) é uma neurotoxina com um dos maiores potenciais para uso terapêutico devido ao seu mecanismo de ação. Foi demonstrado ser eficaz no alívio da dor neuropática e relacionada com o cancro. Além disso, é eficaz como anestésico local, com toxicidade local mínima.

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