8. Palitoxina

As palitoxinas (PTX) são um grupo de toxinas grandes, complexas e extremamente potentes, produzidas por cnidários da ordem dos Zoantídeos, especialmente dos géneros “Palythoa” e “Zoanthus”, e dinoflagelados do género “Ostreopsis”. Sabe-se que estas toxinas podem subir na cadeia alimentar, sendo responsáveis por muitas intoxicações graves em humanos quando se alimentam de pescado contaminado.

São compostos muito tóxicos porque se ligam à Na+/K+-ATPase, uma bomba de membrana plasmática envolvida na manutenção de gradientes iónicos transmembrana em células animais, essencial para as suas funções. Quando esta bomba é alterada, as células morrem resultando sérias alterações no organismo.

Os sintomas em humanos causados pela ingestão oral de PTX incluem problemas gastrointestinais, cãibras musculares, mialgia, disfunções cardíacas, dispneia, cianose e morte. No entanto, quando ocorrem florações de “Ostreopsis”, as pessoas também podem se intoxicar por exposição direta (por inalação de aerossóis), causando sintomas respiratórios como desconforto respiratório, rinorreia, tosse, febre e dermatite. É comum ocorrer intoxicação por exposição direta quando os aquários com estas espécies de cnidários são limpos.

Primeiro, eles foram isolados em regiões tropicais, no entanto, hoje, devido às mudanças climáticas e atividades humanas, as palitoxinas são detectadas nas margens do Mar Mediterrâneo, como Grécia, Itália ou Espanha. Na Europa, a toxina mais abundante deste grupo é a ovatoxina-A e é detetada concomitantemente à “Ostreopsis cf. ovata floresce”. Assim, este grupo de toxinas é um problema emergente e perigoso para a saúde pública e deve ser monitorizado.

Como podem ser monitorizadas?
As palitoxinas são monitorizadas por amostragem e deteção das algas nocivas. Há quatro protocolos de amostragem para dinoflagelados bentónicos e respectivas toxinas estabelecidos dentro do Projeto EMERTOX:
– Amostragem de dinoflagelados utilizando substratos naturais.
– Amostragem de dinoflagelados utilizando substratos artificiais e estabelecimento de culturas.
– Amostragem de dinoflagelados e dos seus cistos de sedimentos.
– Amostragem de toxinas usando amostradores passivos.

As toxinas podem ser quantificadas por métodos sensíveis selecionados, incluindo aqueles baseados em biossensores eletroquímicos, bem como métodos químicos e biológicos sob otimização dentro do Projeto EMERTOX.

Existe algum tratamento eficaz contra o envenenamento por palitoxina?
Nenhum tratamento específico é conhecido ainda, portanto, mais investigação nesta área são essenciais. Hoje, quando ocorre uma intoxicação humana, a terapia de suporte inclui lavagem gástrica, respiração artificial, fluídos intravenosos, administração de carvão ativado e citrato de magnésio via sonda nasogástrica, bem como terapia de diurese manitol-alcalina. No entanto, quando ocorre uma intoxicação por exposição direta, a terapia de suporte é diferente. Inclui corticosteroides inalatórios e sistêmicos, anti-inflamatórios não esteroides, broncodilatadores nebulizados e oxigenoterapia para pacientes com dispneia.

Marés vermelhas emergentes, um novo perigo ou uma consequência da nossa ação?